LIQUIDAÇÃO
1/ [a mercadoria]
se nos anunciassem
o rim ¦ o rosto ¦ a ossamenta
o ser intérmino ¦ o ser cesso ¦
o sol ¦ o soro ¦ as serotoninas
como se sêmens e os insumos
no de mercar invalidassem
o repovoo dos produtos
mas nos cruzasse a Mercancia
e nos lucrassem-liquidassem
( uns apresados pelo preço
sob o rastreio das rotinas )
nos refugados das cidades
onde os sedados subsolam
em beberagens-rebentinas
ou insonoros se desossam
entre os dormidos da ermida
2/ [consumação]
acalmaríamos as marcas
e as modas-domas na acalmia
( entre as ilhas de calor
e as áreas de anomalia )
ou conteríamos o impulso
de revelarmo-nos no fogo
dos esqueletos repentinos
das estações desorbitadas
nos trocaríamos os corpos
( os saqueados pelo custo
e expostos fora da feição )
no emoliente das medulas
e compraríamos silêncio
e o uso exato do respiro
e escutaríamos nas torres
os sinais do Intransmissível
como se não comerciassem
queimas do estoque de rebentos
e as redes não
irradiassem o rendimento das placentas
MUITOS SERÃO OS CHAMADOS
soubesse ler o isótopo no esmalte sobre os dentes,
diria a datação do que se anunciasse na mesa dezesseis:
o pó. a pleura. os punhos. Priscila, primeiramente,
segundo, Manuel, seguintes, os despedidos de certidão
ou a suspeição de haver ouvido o nome de Ismael
de onde arvora Elisandra e andarilha o nervo vago
e os formulários de consulta das negativas de Eliandro?
a perdição de novas vias pela seção dos refugados?
mandam Antônio e Isadora ao profundo Protocolo
e Ana Paula perde a senha e o chamamento trinta e seis.
soubéssemos dizer de que mananciais brotamo-nos
a solidez de água ou o código inato dos ossos do calcâneo,
de um Eduardo a uma Janete, de Janete a Reginaldo,
iríamos com Narciso, guiados pelo cego, além da partição,
ou pelas mãos de Anahí, o acidentado das entranhas
nos ruminando ainda em óvulo, dentro do útero de Estela,
nos ramos ruins ou ruinosos da floração respiratória.
que anunciassem Madalena ou aguardassem providências
de quem soubesse ler o alarme em Cristiane e Esaías:
a ocultação de Carolina nos descobriu no vão das vésperas
A SENTINELA DO MINISTÉRIO
DAS RELAÇÕES EXTERIORES
o súbito crepúsculo
das horas de
Brasília
desossa o monumento
e os emolumentos
os mudos
parlamentos
de raivas
intestinas
desasam nos
concretos
as áreas de
Bastilha
( espelhos de
cimento
de mirar ruinarias
)
o escuro do cerrado
¦
do cassado ¦ da
razia
O
escritor e editor Dennis Radünz, um dos nomes notáveis da nova geração de
autores sulinos, nasceu em Blumenau (SC) e vive em Florianópolis. Publicou os
volumes de poemas Exeus (1996, 2ª.
edição, 1998), Livro de Mercúrio (2001)
e Extraviário (2006) e Cidades marinhas: solidões moradas
(2009), seleção de crônicas publicadas no Diário Catarinense (2004-2008). Lançará
em 2013 o livro de poemas Ossama, de
que fazem parte os três poemas aqui publicados. As imagens são do artista goiano Siron Franco.
Formidáveis, Dennis, e muito bem escolhidas as ilustrações do Siron.
ResponderExcluirParabéns!
Poesia incisiva.
ResponderExcluirE parabéns ao Anelito pela revista.
Valeu, Anelito!
ResponderExcluirE o Dennis Radünz
é dezz,
poeta dos bons.
Abrass