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domingo, 9 de março de 2014

Um récit de Adriana Zapparoli

La mariposa razó mis prados de azul y amarillo por mi, y me cambié y vi plumones de clavo... leonella en jardin de flores






tocava-lhe os pontos. o tocava cravo. e se via em ambiências de um mal iluminado. há feridas que desatinam. há demônios que habitam entre os livros, entre as palavras adjacentes, entre os pêlos tamarindos, entre o pó de cocaína.  impresso no silêncio abortivo, nas anfetaminas de um anjo, em dia de domingo impregnado de amor...

lá por onde larvas e lianas infestam os endocarpos das nozes caídas. lá onde mastigam e masturbam as sementes, cospem em homúnculos distraídos triturando versos por castanhas duras, com a mandíbula. porque em mediterrânea-britada e na anca da folha nasce o estame lenhoso. por um orvalho de amor.

o amor não mora no cerebelo. não tem anatomia. nem fímbrias, nem sombra das crises hipertensivas, ou nas células das verrugas venéreas de hérnias dos  fios dos descabelos onde balaceiam folhas secas e uma caveira de olhos em ataúdes.

tinge o sol estranhos horizontes. te amo voto objeto [em um mundo de éter puro]  mas amo sua lua escura de quebra quirelas em reflexo-claro, bengala em quarto tesouro, em vibração roxo-criativa. ignoto silêncio e névoa pálida. uma árvore e uma orquídea











ADRIANA ZAPPAROLI (Campinas, SP, Brasil) é escritora, poeta e tradutora. Publicou sete livros de poemas, entre os quais A flor da abissínia (2007) e  Flor de lótus (2013), todos pela Lumme Editor. Assina coluna na digital chilena Cinosargo e edita o blog www.zappazine.blogspot.com.br. A imagem é do excepcional Hélio Oiticica em parceria com Neville d´Almeida, da série “Cosmococa”.