Gárgula
Dois
haitianos dividem
o cachimbo
com a
sinhazinha ecoville
na sarjeta,
sob escombros
da senzala;
passo ao
lado.
Na real,
azumbizados
seduzidos
pela pomba
giratória
dominante,
vestida em
sua melhor pele
cor de
leite,
que dos
negros jorra
entre seus
lábios.
Pra colher alumínio
No terminal
a
monocromática
madame, em
inflexão
sexual,
paralisa
ao lado de
um haitiano.
Enquanto um
Van Gogh
sertanejo,
tão mais
sofrido
que
Descartes,
entra em um
latão que se
arregala
de medo.
Anthropocetáceo
Igual a
personagem
desconfia
do ator que
é,
em voz e
carne,
ao remover
a primeira
camada
de
maquilagem,
anthropocetáceo
emerjo,
do frívolo
mar
espesso
das
convenções
sociais.
O Ministério do Amor Adverte
Se Hermógenes é o Grande Irmão, com seus dardos &drones,
que a tudo
monitora do alto de sua pirâmide construída com lingotes
áureos, Brad
Manning é Diadorim.
Porém, já no filme de Glauber, algo de Riobaldo mira pelos
nervos óticos
do falso fauno Clóvis Bornay, igual ao Lorde Cigano, gralha
da Ilha de
Huxley, que denuncia a proliferação excessiva da mídia
televisiva, no
resultado de manter o controle remoto das intenções de voto.
Aracnídea
Subcutânea
aranha
ferina
introduz,
em veia
bailarina,
poção
contra -
indicada
à cicatrizes
& queimaduras,
e
teu rosto
resplandece
feito Luas,
anti-
eclipse,
razão
erradicada.
Autor do
livro Alvéolos de Petit Pavê (Editora Patuá, 2015), Ricardo Pozzo nasceu em Buenos
Aires (AR) e vive em Curitiba (PR). Poeta, fotógrafo e músico, é um dos organizadores do Vox Urbe, projeto
literário do WNK Bar, Editor Assistente do Jornal "RelevO" e Curador do projeto "Pássaros Ruins", websérie de poesia. As imagens são do afroamericano, filho de pai haitiano, Jean-Michel Basquiat (1960-1988).
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